O nome Torcello vem de uma pequeníssima ilha que faz parte da cidade de Veneza, na Itália. Nessa ilha – patrimônio cultural da humanidade –, vivem hoje apenas algumas dezenas de pessoas. A vinícola, localizada no Vale dos Vinhedos, também é pequena: tem 4,5 hectares de vinhedos, poucos (e atenciosos) funcionários e produz só 25 mil garrafas por ano, sendo 10 mil de espumantes. O que não é nada modesta é a qualidade dos vinhos!
Conhecemos a Torcello há algum tempo, por meio de um dos seus vinhos feitos 100% com a uva tannat. Foi durante uma feira no Rio de Janeiro que experimentamos um da safra 2014 e ele nos encantou logo de cara.
Na ocasião, nós nos lembramos de alguns dos melhores exemplares que os uruguaios fazem com essa uva francesa que tão bem se adaptou lá a ponto de ter se tornado um ícone do país. Mas o tannat brasileiro da Torcello, redondo, gostoso de beber, mostrou ter seu próprio encanto.
Um ano depois, ao voltarmos para nova visita à Serra Gaúcha, fomos conhecer de perto essa vinícola-boutique cheia de charme. Como todas (ou quase) da região – a exemplo de sua vizinha Vallontano, do outro lado da estrada –, ela nasceu pelas mãos de imigrantes italianos e de seus descendentes que há mais de um século povoam aquelas paragens.
Mesmo assim, as uvas a partir das quais são feitos os melhores vinhos da Torcello não têm nada de italianas. Elas são francesas: tannat, merlot, cabernet sauvignon e pinot noir.
Visita e degustação – Antes de experimentarmos os vinhos na loja que fica logo na entrada da vinícola, visitamos as instalações da Torcello e aprendemos um pouco da sua história. Conhecemos o galpão em que ficam os tanques de fermentação, a adega onde as garrafas repousam no mínimo de seis meses a um ano (dependendo do vinho) antes de serem comercializadas, e ainda a minúscula sala das barricas de carvalho.
Degustamos dois espumantes, sendo um brut e outro rosé. O primeiro tem uma bonita cor dourada e leva, além de chardonnay e pinot noir, um pouco de merlot, o que o torna “mais encorpado” e ideal para acompanhar pratos como queijos, massas e frutos do mar, entre outros. O segundo, feito com chardonnay (60%) e pinot (40%), é mais leve, muito refrescante e agradável e pode ser tomado até sem acompanhamento, como aperitivo.
Em seguida, provamos o “nosso” já conhecido e ótimo tannat, um merlot bastante macio e frutado e um cabernet sauvignon (os três da linha mais “simples” da vinícola). Por fim, fomos apresentados a dois tintos da linha Perfetto – a mais nobre da Torcello –, sendo um merlot e outro tannat.
Estes últimos não chegam ao mercado todos os anos e são elaborados a partir de uma produção controlada de somente um quilo de uva por pé, o que resulta numa qualidade incrível. Depois da visita e da degustação, ficou fácil entender por que a Torcello faz, na nossa opinião, alguns dos melhores vinhos brasileiros.
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