Durante o agradável e descontraído passeio para conhecer a estrutura e os vinhedos da Casa Marin, fomos guiados pela simpática Pâmela, uma apaixonada pela forma como o trabalho é feito na vinícola e pelo resultado dele: os vinhos! Assim, já estávamos ansiosos para ver o produto de tanta luta e dedicação de María Luz, a guerreira que peitou o clima muito frio e instalou, no povoado de Lo Abarca, no Vale de San Antônio, no Chile, uma vinícola distante apenas quatro quilômetros do oceano pacífico.
Pelas explicações de Pâmela, já havíamos entendido que o conceito de terroir era o que norteava toda a produção das uvas e dos vinhos. Cada pedaço de terra foi alvo de pesquisa e fatores como a exposição solar, o solo, a quantidade de chuva e até a forma como trabalho seria desempenhado pelo homem foram levados em consideração para elaborar os diferentes tipos de vinho.
Degustação – Chegou a hora de beber. Fomos levados para o segundo andar da bonita casa da vinícola e escolhemos fazer a prova dos vinhos na varanda (foto acima), com vista para os vinhedos. Lá também fica a loja da Casa Marin (foto abaixo).
Começamos com os vinhos brancos, pelo Nº 2 Sauvignon Blanc. Gostamos muito, sentimos um sabor bastante intenso, com uma boa acidez, bem fresco e com um gostinho levemente amargo (mas um “amarguinho bom”) no fim. Para nós, um bom vinho para comer com queijos ou refeições mais leves.
Em seguida, fomos para o Casa Marin Gewurztraminer. A uva, presente nos vinhos brancos feitos na Alemanha, adaptou-se bem ao clima mais frio de Lo Abarca e a brisa gelada que vem do oceano, ali tão perto. O aroma é bastante intenso, parece doce. O cheiro, porém, engana. O sabor não é nada doce. É bem fresco e tem uma acidez gostosa.
O terceiro degustado foi um tinto, o Casa Marin Syrah. O vinho fica dois anos em barrica de carvalho, mas não perde o gosto frutado. Foi nesse vinho que sentimos, pela primeira vez, o gosto “salgadinho” que não deixou dúvidas de que estávamos bebendo um produto feito a partir de uma uva plantada em um solo que há milênios já foi banhado pelo mar. Foi um sabor surpreendente e fascinante para nós.
‘Pinots’ – Depois, ao falarmos que éramos fãs da pinot noir, uva emblemática da região da Borgonha, na França, fomos apresentados a uma gama de vinhos dessa cepa (acima). O primeiro foi o Cartagena 2014. Um ótimo vinho, que fica na prensa por 12 meses e tem um trabalho diferente a partir da casca da uva. Gostamos muito.
Passamos para o Casa Marin 2013 Litoral. Ele fica um ano na barrica de carvalho e é mais encorpado, com sabores de frutas mais doces, com gosto de geleia. Nesse vinho ficou evidente a diferença em relação aos vinhos da Borgonha, bem menos estruturados. É incrível perceber como a mesma uva, plantada em locais diferentes e trabalhadas de formas distintas, dão resultados tão surpreendentes.
Passamos para o Nº 1 2012. Um vinho simples de beber, gostoso e redondo. Para finalizar, o nosso preferido dessa degustação: Casa Marin Pinot Noir 2011. Talvez por já estar há mais tempo na garrafa e já ter evoluído, gostamos muito mesmo desse vinho. Nele também pudemos sentir aquele sabor “salgado”, bem no fundo. A Pâmela (na foto anterior, servindo-nos mais um tinto), nossa animada guia, também não disfarçou diante do nosso fascínio e, em coro com a gente, disse, ao provar: “Maravilhoso!”.
Assim, encantados com esse rico mundo de sabores e aromas, fomos descansar – com mais vinho, claro! – na varanda de La Casita, hospedagem da Casa Marin que fica numa colina no meio dos vinhedos e onde passamos a noite.
2 Comentários
Olá. Que viagem boa! Estou pretendendo conhecer o vale de san antonio também mas antes gostaria de saber como fizeram pra se deslocar entre as vinícolas? Beber e dirigir deu certo?
Olá! Realmente foi uma viagem inesquecível. Tomamos cuidado em dormir na região onde visitávamos para dirigir distâncias sempre pequenas. 😉