Em um dia lindo e gelado em Paris, decidimos ir mais uma vez à cidade de Reims, a capital da região de Champanhe, na França. Dessa vez, diferentemente do ano anterior, em que passamos alguns dias na região, resolvemos fazer um bate-e-volta de trem.
É tudo muito simples. Pegamos o metrô em uma das estações do bairro de Saint-Germain, onde estávamos hospedados, descemos na Gare de L’Est e lá mesmo já pegamos o trem para Reims. Em 45 minutos estávamos descendo na mágica cidade de muita história – foi lá que todos os reis da França foram coroados – e, claro, das borbulhas mais famosas do mundo.
A cidade é uma graça. Mesmo já conhecendo o lugar, conseguimos ser fisgados, de novo, por cada detalhe e por cada pedacinho histórico de suas ruas e edifícios.
Como chegamos por volta das 10 horas da manhã e a nossa visita à Pommery estava marcada para às 11h30, fomos dar um pulo na Catedral Notre Dame de Reims. Ela é linda por fora e por dentro e nos faz, sempre, perder o fôlego (na foto acima, feita quando voltamos a ela no fim da tarde, o dourado do pôr do sol deixa a sua faixada ainda mais bonita; abaixo, parte do interior da igreja e seus maravilhosos vitrais).
Sede da Pommery – Em seguida, de táxi, chegamos à Pommery. A empresa produtora de champanhes é mais uma daquelas que têm mulheres como símbolo de garra e determinação na história de produção da bebida.
Quando se chega ao castelo onde ficam as caves da Pommery (acima), já é de se abrir um largo sorriso. A construção é toda em azul claro, com detalhes na cor telha. No gramado, bem no centro do jardim, está uma escultura de frutas gigantes em cores alegres e que lembram balas de criança (abaixo).
E realmente é ali que começa a brincadeira. Entramos no castelo e há outras esculturas enormes (uma “gaiola” de garrafa de champanhe, um barril imenso, mesa, cadeiras e garrafas enormes – fotos abaixo).
O objetivo é mostrar como tudo é grande, principalmente, o tamanho de suas caves e os túneis subterrâneos (como o da foto abaixo), onde são armazenadas mais de 20 milhões de garrafas. Há um total de 18 quilômetros de túneis.
Algumas centenas dessas garrafas pertencem a safras especialíssimas (ou simplesmente muito antigas) e têm mais de cem anos (foto abaixo)! Acompanhados pelo guia, descemos os 116 degraus da escadaria iluminada e chegamos – 30 metros abaixo do solo – à cave construída em pedra calcário.
Madame Pommery, idealizadora e grande criadora da marca, era uma espécie de patrocinadora de artistas da época. Ela já usava o marketing lá em 1880 e sabia que devia associar a sua marca ao luxo e ao glamour. Assim, contratou o escultor Gustave Navlet para fazer trabalhos em baixo-relevo nas paredes da adega subterrânea.
A tradição de fomentar a arte segue até hoje. Durante o percurso de cerca de 40 minutos pelos túneis, vamos vendo obras de arte antigas e modernas, enquanto aprendemos sobre a história da casa e sobre a produção da bebida.
Degustação – Voltando à superfície, estávamos todos, obviamente, com sede. E era mesmo a hora de beber!
Nosso passeio incluía a prova de dois champanhes. Para começar, o Brut Royal: fresco, cítrico e muito gostoso. Em seguida, passamos ao Millésime Grand Cru, safra 2006: forte, muito aromático e mineral, uma delícia. Após uma breve explicação, pudemos pegar nossas taças para experimentar. Como estávamos com as duas taças, a do champanhe mais antigo e a do mais jovem, ao mesmo tempo, foi legal comparar a diferença entre os dois, bem marcante, por sinal.
O Royal é bem mais fresco, frutado e serve para ir bebericando sem parar. Ele tem uma cremosidade indescritível. Já o millésime é bem mais encorpado e com gostos mais puxando para castanhas, com um “torradinho” no fim do gole. Com ele, dá mais vontade de comer uma coisinha para acompanhar. Ainda demos sorte porque o sujeito serviu mais taças do que o número de pessoas presentes, o que nos garantiu duas tacinhas a mais justamente do grand cru…
Ficamos lá sentados nos sofás da Pommery, papeando e admirando as esculturas. Nem vimos o tempo passar. Quando saímos, demos de cara com um céu azul, uma luz linda de inverno (fazia cerca de 3 graus) e fomos caminhando para o pequeno Centro da cidade para almoçar no restaurante L’Apostrophe. Foi um almoço maravilhoso durante o qual já começamos a relembrar com saudade dessa cidade tão incrível que é Reims.
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