Pela proximidade com Paris (fica a apenas 45 minutos de trem), a cidade de Reims é uma das principais opções de bate-volta da capital francesa. Por isso, foi para lá que fizemos, há quase dois anos (e bem antes de idealizar este Botequim), uma viagem curta, de um dia, com o objetivo principal de conhecer algumas de suas famosas produtoras de champanhe. Como era dezembro, várias delas estavam fechadas à visitação ou com horários que não cabiam no pouco tempo que tínhamos. Assim, meio que por acaso, fomos parar na Taittinger (lê-se tétangér), marca sobre a qual mal tínhamos ouvido falar até então.
Sede da ‘maison’ fica em Reims, na região de Champanhe-Ardenne, e recebe 70 mil visitantes durante o ano inteiro
Foi um ótimo começo. Por meio dessa grande maison, fomos iniciados no maravilhoso mundo do champanhe. Fazia frio quando entramos na bonita sede em estilo art déco e nos juntamos a um grupo que começaria a visita. Primeiro, assistimos a um vídeo com a história da Taittinger. Mas foi só quando caminhamos para as caves, quase 20 metros abaixo da terra, que começou a ficar clara para nós a relação visceral da bebida que mundialmente é sinônimo de alegria e sofisticação com o passado de reis, monges e guerras do lugar em que ela nasceu, a belíssima região de Champagne-Ardenne.
Séculos de história – Descendo aqueles degraus rumo ao labirinto de túneis escuros e úmidos onde amadurece o delicioso vinho borbulhante, aumentava o frio. Frio no corpo, porque a temperatura lá embaixo gira em torno de 10 graus. Mas também na alma, porque era como se voltássemos no tempo, indo ao encontro de milhares de anos de história: os primeiros vestígios daquele lugar remontam ao século IV.
Ali embaixo, minas foram escavadas originalmente para extrair blocos de giz. Nove séculos depois, já na Idade Média, elas se tornaram o subsolo da abadia de Saint Nicaise. Ainda naquela época, os monges beneditinos ergueram uma rede de galerias ligando adegas, criptas e cavernas para abrigar os vinhos de champanhe comercializados por eles. A abadia foi destruída durante a Revolução Francesa e aquele subsolo foi tudo o que restou dela.
Taças prontas no balcão para mais uma degustação; ao fundo, embalagens de algumas das linhas de champanhe Taittinger
Família – O patriarca Pierre Taittinger descobriu a bebida quando era um jovem oficial de cavalaria durante a Primeira Guerra. Tempos depois, nos anos 30 do século XX, ele começou a comprar propriedades com o objetivo de se dedicar à produção de champanhe.
Mas o negócio só começaria na década de 50. A primeira leva de garrafas, de 1952, é comercializada só em 57. De lá para cá, a família aprimorou e aumentou exponencialmente a produção (em torno de 20 milhões de garrafas por ano), tornando a marca Taittinger conhecida mundo afora.
A visita, cujos preços atualmente vão de 17 a 45 euros de acordo com a degustação escolhida, termina com a prova de um a três champanhes das 10 linhas de produtos fabricados pela empresa. Optamos pelo tour com degustação de dois champanhes “básicos”: o Brut Reserve e o Demi-sec. Gostamos muito, ainda mais em se tratando de produtos de fabricação em grande escala, o que pode tirar um certo caráter “autoral” quando pensamos na qualidade. Entre os champanhes das grandes casas produtoras que provamos até hoje, os da Taittinger são, sem dúvida, os nossos preferidos.
Saímos de lá com a sensação de que todo legítimo champanhe será melhor apreciado quanto mais levarmos em conta não apenas características como tipos de uva, solo, elaboração e amadurecimento, mas também a História e as histórias que fazem parte dessa bebida tão especial.
2 Comentários
Que tudo esse roteiro! Sonho em beber um champagne na Champagne!
Abraços!
Obrigado pela leitura, Liliane! Com algum planejamento, é um sonho possível, pode acreditar!
Se precisar de uma consultoria mais aprofundada, nós temos esse serviço de roteiro personalizado.
Um abraço!