Encontrando vinhos

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Você ficaria surpreso se descobrisse de repente que a Eslovênia produz vinhos? E Minas Gerais? Pois foi como ficamos ao dar de cara com garrafas de brancos e tintos produzidos na antiga Iugoslávia e na terra da cachaça e do pão de queijo, durante o Encontro de Vinhos, que reuniu bebedores e curiosos no Rio de Janeiro. A feira itinerante, que este ano vai ainda a São Paulo, Campinas e Belo Horizonte, entre outras cidades, contou com mais de 20 expositores no Hotel Windsor Guanabara, na quinta-feira (03.03).

Um Vinho Branco da Eslovênia que desce bem no calor do Rio
Um Vinho Branco da Eslovênia que desce bem no calor do Rio

Mas e a Eslovênia? Simplesmente faz vinhos há mais de 2.400 anos e tem regiões com condições perfeitas para o cultivo da uva. Com pouca publicidade no Brasil, mas premiados internacionalmente, os vinhos da vinícola Puklavec – Family Heritage estão chegando ao Rio para serem vendidos em alguns restaurantes e lojas especializadas.

Provamos e aprovamos sem nenhum favor o Gomila (safra 2014), produzido a partir de uma mistura das uvas sauvignon blanc e pinot grigio e que ficou em quarto lugar entre os Top 5 brancos do evento. O que dá pra dizer é que esse esloveno, por ser muito leve e frutado, é uma boa aposta para refrescar no clima sempre quente do Rio.

Segundo André Freitas, representante da vinícola no Brasil, são 17 rótulos que já conquistaram um público curioso em São Paulo e em Santa Catarina.

A produção da vinícola é bem grande, com cerca de 7 milhões de litros por ano. Os vinhos são frutados, jovens e não passam por barricas. Não são vinhos habituais, que podemos encontrar em qualquer lugar, mas que podem ser acessíveis a quem gosta de diversificar e conhecer novos sabores – diz.

Vinho feito em Minas chama atenção na degustação de tintos nacionais
Vinho feito em Minas chama atenção na degustação de tintos nacionais

Mineirinho – Entre os muitos expositores, continuamos a buscar produtos menos conhecidos e foi aí que levamos um susto ao encontrar um vinho mineiro. Chama-se Primeira Estrada e estava entre os produtos apresentados pela Cave Nacional, especializada em vinhos brasileiros.

Esse é um vinho da uva syrah, muito gostoso e que não é muito potente, forte. Ele pode ser consumido um pouco mais fresco que o normal e por isso é ótimo para bebermos no calor explicou o sócio da loja, Marcelo Rebouças.

Ele nos convidou para degustar quatro vinhos nacionais pouco conhecidos, pelo menos para nós. Começamos com o Torcello (2014), feito com a uva tannat. Esse tinto ficou em primeiro lugar entre os cinco melhores da feira – estava presente também na versão com a uva Merlot (2015) – e de fato não devia nada a um bom exemplar do Uruguai, onde a tannat dá as cartas e faz vinhos tão exóticos quanto saborosos.

Depois, fomos para inusitado mineiro Primeira Estrada (2014), da vinícola Estrada Real, uma parceria entre brasileiros e franceses. Sinceramente: nada além de razoável. E concluímos a prova com os corretos Salamanca (2012, cabernet sauvignon), segunda posição entre os cinco melhores tintos, e Enoteca (2011), da conhecida Dal Pizzol (RS), quarto lugar no ranking do evento.

‘Sem chatice’ – Depois de algum tempo perambulando com as taças (cheias) na mão e beliscando queijos artesanais, alcançamos o nosso objetivo constante que é evitar as cansativas frescuras e chatices que por vezes frequentam o mundo do vinho. Por tabela, provamos bons vinhos brasileiros. Assim, sem saber estivemos em sintonia com a principal proposta da feira:

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Aqui trabalhamos sem a “chatice do vinho”. É um lugar para ficar descontraído, bebendo do jeito que quiser, harmonizando com o que bem entender. O brasileiro tem a mania de achar que tudo que é nacional é ruim. E o vinho brasileiro é bom. Nós fazemos sempre um Top 5, três dias antes do evento. Nesse ranking, elaborado depois de uma degustação às cegas, os vinhos brasileiros batem de frente com os de outras nacionalidades. Nas três categorias, entre os 15 vinhos escolhidos, só há dois importados destacou Beto Duarte, organizador do evento.

No fim da nossa maratona, nem mineiro, nem esloveno. Compramos, por R$ 55, uma garrafa do ótimo Torcello (tannat), de Bento Gonçalves. Sendo que optamos pela safra 2013, um ano mais maduro em relação ao que tínhamos experimentado, com a promessa de guardar um pouco mais (será que vai dar?) e a esperança de beber um vinho ainda melhor.

Quem Somos

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Atrás do balcão está o casal de jornalistas Letícia Sicsú e Eduardo Carvalho. Eles acreditam que o vinho deve servir, antes de tudo, para reunir pessoas e compartilhar histórias.

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